domingo, 27 de março de 2011

CARTA AOS ESTUDANTES

Salvador, 26 de março de 2011

Caros colegas,

meu nome é Murilo Ramos, sou estudante de medicina da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, do sétimo semestre, e pretendo apresentar-lhes, via este documento, um constrangimento pelo qual passei devido a uma conduta totalmente inadequada e imoral da faculdade.
No dia 25 de março de 2011 (sexta feira), na saída de minha aula de Urologia, na Unidade Acadêmica de Brotas, por volta das 16:00h, fui abordado por um segurança da Bahiana e uma outra pessoa, que me impediram de sair perguntando se eu poderia acompanhá-los para ver umas imagens. Eu atendi ao pedido e, no caminho, eles pediram minha carteira da escola, perguntaram sobre meu curso, quantos anos eu tinha, onde eu moro etc. Cheguei a uma sala de câmeras, dentro da guarita da Bahiana, que se situa bem em frente ao Hospital Evangélico. Lá estavam um segurança e uma pessoa que se apresentou como policial. O segurança que me trouxe pediu que eu me sentasse e colocou um vídeo de uma pessoa com cabelo grande, camisa listrada e mochila, entrando na faculdade. Em seguida, colocou o vídeo dele subindo a escada que dá para a secretaria, colocou um vídeo dele entrando na sala da pós-graduação, e me perguntou se eu era esse rapaz. Ele me disse que esse rapaz havia roubado duas multimídias da "empresa" e que ele "era a minha xérox". Eu disse que apenas o cabelo era parecido, mas que nao era eu. Ironicamente ele falou: "É claro que você vai dizer que não é você". E foi além... Ele me mostrou um vídeo do dia 25/03, em que eu entrava na faculdade pela mesma entrada que o cara havia entrado, subia a mesma escada que o cara havia subido e um vídeo que me mostrava olhando para um dos seguranças (eu realmente havia olhado, mas porque percebi que tinha muitos seguranças no Campus naquele dia e quis saber o que estava acontecendo). Daí ele deduziu que minha atitude era suspeita e disse que eu fui considerado suspeito do roubo. Até então eu estava tranquilo, foi a partir daí que eles começaram a agir de uma forma que eu só pensava acontecer em filmes da época ditadorial...
O vídeo do roubo foi datado do dia 22 de março, terça feira, por volta das 10:00h. 10:00h é o horário exato em que o cidadão que tinha cabelo grande, parecido com o meu, entra na faculdade, pela primeira entrada, como quem vai para o Hospital Evangélico. Eu lhe disse que, nesse dia, eu havia chegado entre umas 07:00h e 07:30h e que exatamente às 10:00h eu estava na sala, com cerca de 30 colegas e um professor apresentando um trabalho de Clínica Médica. Foi aí que começou a descaração da qual tanto estou revoltado. Eles me disseram que iriam baixar o vídeo do dia 22/03, por volta das 07:00h e 07:30h, e que se eu aparecesse no vídeo estaria tudo bem. Eu estava tranquilo pois sabia que ia aparecer e aquilo tudo iria se resolver por ali. Além disso, ele me garantiu que ninguém mais sabia do que estava acontecendo ali. Eu comecei a asssistir ao vídeo do dia 22/03, das 07:00h às 07:30h, da câmera da entrada da faculdade correspondente à mema da cancela de saída de carros. Simplesmente eu não apareci entrando no vídeo por volta daquele horário. Ele me disse que assistisse de novo pra poder ver se deixei passar alguma coisa e novamente não me vi entrando por volta daquele horário, na faculdade. Uma coisa que me deixou muito constrangido pois era minha palavra dando certeza que eu havia entrado por volta daquele horário contra uma vídeo - imagem que não me mostrava entrando naquele horário. Me fizeram ver aquele vídeo por mais umas 3 vezes e começaram a me pressionar dizendo que seria melhor eu me entregar ali, que eu estava me contradizendo demais e que a "EMPRESA" só queria os aparelhos de volta, e que eu seria apenas aconselhado e eles ficariam de olho em mim. Eu me defendia falando que não sabia o por quê de eu não ter aparecido nas filmagens, mas que tinha colegas e a própria professora de Bioimagem que sabiam que eu estava na hora da aula que começava às 07:30h. Eles disseram que era óbvio que meus colegas seriam a meu favor e que tentariam entrar em contato com a secretaria para ver a lista de presença do dia. Por azar, a lista estava na mão da professora e não pude provar através deste argumento. Foi então que eles colocaram um outro vídeo, DO NADA, dizendo que a data da filmagem daquele estava trocada e que aquele dia correspondia a uma quarta-feira e não terça (na quarta, realmente minha aula começa às 08:30h e chego por volta desse horário). Eles então (depois de ter me feito assistir umas 5 vezes o vídeo da quarta, no qual eu não aparecia entrando na faculdade pelo horário das 07:00h às 07:30h) colocaram o vídeo da terça verdadeiro, e neste vídeo me mostrava entrando na faculdade às 07:13h da manhã, de camisa branca, caderno na mão e uma mochila que mal cabia um caderno... Em seguida, vimos meu vídeo subindo a escada da secretaria, e por fim, vimos o horário o qual eu sai da faculdade, por volta de meio dia (horário que não correspondia com o horário no qual o criminoso havia saído da faculdade).
Depois de 2h dentro daquela sala de vídeos, fui liberado e explicado que tudo aquilo era um procedimento investigativo que precisava ser seguido. Afirmei que estava disposto a cooperar com qualquer coisa que pudesse. Ao voltar para minha casa, vi meu irmão chorando me perguntando o que eu havia feito, pois Jucinara e Luiza haviam ligado para minha casa e perguntaram onde poderiam me encontrar, pois eu estava apresentando comportamentos inadequados na faculdade. Em seguida, minha mãe me ligou perguntando o que havia acontecido. Enfurecido pela falsa acusação e pelo envolvimento de minha família no caso, eu saí de casa e voltei para faculdade, já com a cabeça quente, querendo falar com Luiza. Recebi intimidações de alguns seguranças que me mandaram parar de gritar, que eles não tinham nada a ver com isso, e quando Luiza veio me atender, veio junto com Professor Gaspari. Ela tentou me abraçar e beijar e já chegou me pedindo desculpas e dizendo que foi tudo um mal entendido e uma falha de comunicação. Eu não aceitei as desculpas, perdi um pouco a razão e acabei passando dos limites. Foi uma situação desagradável, mas já não é a primeira vez que sou acusado naquela faculdade injustamente. Na época da greve, fui acusado juntamente com um colega, de ter "espancado" a administradora do Campus de Nazaré. Muitos sabem que eu sou do diretório, pode parecer muita teoria da conspiração, mas tenho a impressão de estar sendo persguido pela faculdade por causa disso e não quero mais estar passando por esses tipo de constrangimento. Segunda-feira pretendo resolver isso à minha maneira, seja ela a correta ou não, e vou apontar para a "empresa" quem são os verdadeiros ladrões!
Desculpem pelo desabafo, é que o fato realmente me incomodou e acredito que incomodaria a qualquer um que tivesse o azar de passar por essa situação. Não pretendo com essa carta apoio ou alternativas do que devo fazer, quero apenas registrar o que a "empresa" pode fazer com quem compra seus serviços, baseando-se em vídeos onde só porque o criminoso tinha o cabelo grande, eles pegaram quem melhor lhes favorecia para acusar!

Grato pela atenção,
Murilo Ramos.

Um comentário:

  1. Murilo,
    Tome as providencias legais urgente!
    Chega desse falsomoralismo na bahiana.Chega de deste pseudo-humanismo interessado somente no dinheiro que pode vir de outros cursos que estão decadentes!!!

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